quarta-feira, 22 de agosto de 2007

PÓS-MODERNOS?

Quando já estávamos nos acostumando com os padrões tidos modernos, em certo dia tudo muda e passamos a viver na chamada pós-modernidade. Nós e essa nossa mania de classificarmos nossos períodos históricos de maneira que se tenha uma ruptura temporal brusca, ou seja, é como se fossemos dormir em uma bela noite de lua cheia da modernidade e ao acordar na manhã seguinte, quando escovarmos os dentes já nos encontramos na pós-modernidade. Fato que sabemos ser impossível, pois para se passar de um período a outro da história requer algum tempo, essas rupturas são gradativas e não bruscas, até porque as coisas não acontecem de um dia para o outro. Alguns estudiosos relacionam o inicio da modernidade com as grandes navegações, outros, relacionam com a 1ª guerra mundial ou com a invenção da eletricidade, do avião, etc. o que sabemos é que ninguém não se pode dar ao direito de mudar todo um período histórico de uma hora para outra, isso gera discordâncias entre os cientistas, pois enquanto alguns pregam o fim de um período em determinado momento, outros defendem o fim do mesmo período através de outro acontecimento histórico, seja ele cultural, econômico, político, etc. Mesmo hoje na chamada pós-modernidade ainda temos comportamentos da idade média, em nossa maioria ainda temos medo do transcendental, e é porque somos indivíduos pós-modernos! Nem por isso, quando éramos modernos e a ciência nos explicava tudo, a razão muitas vezes era substituída pela cresça no desconhecido, sendo assim, como se pode fazer um recorte temporal tão grande e classificar a transição de uma época para outra de maneira tão brusca? Creio eu, que não temos esse direito. Mas, já que essa pós-modernidade me inquieta tanto, vou me deter um pouco a ela e tentar fazer um paralelo com a modernidade.
O nascimento da pós-modernidade se dá após a morte da modernidade, morte essa que acontece (segundo alguns estudiosos) quando a bomba atômica toca o solo, para ser mais exato: às 8:15hr do dia 6 de Agosto de 1945, nesse exato momento se mata a modernidade e Centenas milhares de pessoas. Nesse momento se faz o parto da pós-modernidade, é quando o ser humano descobre na pratica que poderia acabar com o mundo sem muitos esforços, isso na pratica, pois na teoria já se sabia disso há algum tempo, período esse que a bomba foi criada e ficou guardada em stand by, para só depois beijar o chão de Hiroxima e Nagazaki. Alguns discordam que a pós-modernidade tenha começado aí e juram que a pós-modernidade começou só no pós-guerra, em 1950-1955, quando a computação e a arquitetura mudam de forma significativa, ou na década de 60 quando a arte pop se manifesta e a ainda, quem diga que a pós-modernidade como conhecemos só viria nos anos 70 com a mudança no campo da filosofia e os movimentos culturais como o feminismo, os hippies que pregavam a liberdade sexual, etc. Pois bem, caímos no mesmo paradoxo da modernidade e chegamos à mesma conclusão, não sabemos onde começa e onde termina uma nem outra época. Nós contemporâneos, poderíamos muito bem classificar a pós-modernidade como seu surgimento a partir da moda que é de suma importância hoje, quer queira ou não, poderíamos citar a trilogia cinamática Matrix para fundamentar uma teoria em que surge a hiper-modernidade, termo mais recente para nomear nossa época. Poderíamos citar a música, a tecnociência, que nada mais é que a tecnologia interagindo com a ciência para melhoria do nosso dia-a-dia, enfim, abre-se um leque de oportunidade e acontecimentos para classificarmos nosso período de pós-modernidade, hiper-modernidade, pós-pós modernidade, tecno-modermidade, ou como queiram chamar. Vou ser ousado em afirmar, mas de uma coisa eu tenho certeza, as fabricas sujas e abarrotadas de operários se extinguiram na pós-modernidade, hoje, o shopping toma o lugar das fabricas, na pós-modernidade se dar mais valor a mercadoria que se está à venda no shopping cheio de luzes, que a mesma mercadoria quando se está na fabrica, os robôs tomam o lugar de dezenas de operários não só na área urbana como também na área rural, acarretando assim, um numero exorbitante de desempregados. Se o homem moderno colocava a razão e a ciência à cima de tudo e todos (inclusive de Deus) e se o ser humano moderno estava engajado na política, admirava e criava arte inédita e diferenciada de todas as outras já criadas, o homem pós-modernos nega tudo isso, se entrega inteiramente ao prazer e ao hoje, ao momento, não tem a preocupação de buscar algo que não seja o consumo, o bem de consumo, diria até de maneira metafórica que o homem pós-moderno é agnóstico e anarquista no que se refere às artes, história, religião, ciência, política, social, etc. Só dando importância ao econômico, pois sem o econômico fica impossível adquirir o ultimo lançamento tecnológico. Na arte nada mais faz que repetir e dar outra cara as obras já existentes. O homem pós-moderno caminha para ser só um fantoche da tecnologia, um boneco da tecnociência, quando falo que o homem moderno caminha, quero dizer que literalmente ele caminha em escadas rolantes, sem esforço algum para compreender o que se passa em sua volta. Corre em bicicletas ergométricas e caminham em esteiras que não os vela a lugar algum. Caminham para onde a imagem fala mais forte que o próprio objeto, onde a ficção tem mais valor que a realidade, fabricando assim uma hiper-realidade virtual para si, dentro de seus apartamentos luxuosos, de seus carros blindados, cheio de travas elétricas, freios ABS, air bags, câmbio automático, ar condicionado, trava elétrica e mais uma infinidade de recursos ao seu alcance. O homem pós-modernidade acha muito mais interessante o fetiche da realidade virtual em 3D, pois a realidade é muito dura e sem cor. Caminha para um patamar onde o irreal se torna mais real que a própria realidade. Criou-se uma ponte tecnológica entre nós e o mundo que habitamos, sempre estamos atravessando essa ponte, às vezes percebemos que estamos à atravessa-la, as vezes nem nos damos conta disso. Uma grande característica da pós-modernidade é a mídia de informação, com as informações nos bombardeando a cada segundo, ficamos com fadiga em procurar o fato, em pesquisar mais a fundo a história e nos acostumamos em absorver os dados transmitidos. Se a sociedade moderna produzia questionamentos à pós-moderna reproduz informação, enquanto a sociedade industrial produzia bens (duráveis), a sociedade pós-industrial consome serviços, tais como: ticket de metrô, cartões de credito, delivers, etc.
Em certas ocasiões nem somos tão modernos assim, seja a questão familiar, estética, religiosa, comportamental e filosófica, algumas vezes por dia nos apropriamos ainda de valores pré-históricos, medievais ou modernos, então que pós modernidade é essa que estamos vivenciando?

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